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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

DIABETES: INTRODUÇÃO E A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO

Resultado de imagem para DIABETES: INTRODUÇÃO E A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA NA PREVENÇÃO E TRATAMENTOO diabetes melito é a mais comum disfunção endócrina do pâncreas, atingindo mais de 150 milhões de pessoas em todo mundo, o que significa que quase 5% da população mundial tem essa doença. No Brasil 7.6% das pessoas entre 30 e 69 anos tem diabetes. O diabetes, se não bem controlado, pode trazer sérios riscos para saúde: como insuficiência renal, cegueira, amputações dos pés e pernas, lesões nervosas e doenças cardiovasculares, como hipertensão e derrame.

O diabetes diminui a capacidade que o organismo tem de metabolizar a glicose retirada dos alimentos, uma vez que essa glicose não consegue penetrar na célula, ficando em altas concentrações na corrente sangüínea, o que acaba por fazer com que os rins tenham que trabalhar mais para poder elimina-la pela urina.

A insulina é o hormônio responsável pelo transporte da glicose para o interior de quase todas as células do corpo. Sabendo disso podemos diferenciar os dois tipos mais comum de diabetes: tipo 1 (insulino-dependente) e tipo 2 (não insulino-dependente).

No diabetes tipo 1(insulino-dependente) o pâncreas não é capaz de produzir insulina, sendo necessário tomar injeções periódicas deste hormônio, por isso recebe o nome de insulino-dependente. Essa deficiência na produção de insulina é causada por uma degeneração ou inativação das células beta das ilhotas de Langerhans, localizadas no pâncreas. Acredita-se que o sistema imunológico do indivíduo possa destruir essas células beta devido à alguma infecção viral ou descompensação química. Mas esse processo ainda não é completamente compreendido pela ciência, sabe-se apenas que fatores genéticos podem ter grande influencia. Esse tipo de diabetes geralmente inicia-se na infância ou adolescência, por isso antigamente era denominada de diabetes juvenil.

Diferentemente, no diabetes tipo 2 (não insulino-dependente) o pâncreas produz normalmente a insulina, e em muitos casos até produz uma quantidade maior que a normal, mas a glicose não consegue entrar pois as células dos tecidos não são sensíveis ao hormônio. Para a glicose chegar até o interior da célula é necessário estar presente em quantidades suficientes, além da insulina, alguns receptores chamados de GLUT4 (glucose transporter 4). É como se a insulina fosse a “chave” para entrada da glicose na célula, e o GLUT4 fosse a “fechadura”, ou seja, podem existir várias “chaves” mas se as “fechaduras” não funcionarem ou não estiverem em quantidades suficientes a glicose não entra. Isso é chamado de resistência à insulina. O diabetes tipo 2 é responsável por mais de 90% dos casos de diabetes, e geralmente aparece depois dos 30 anos. 

Como no tipo 1, heranças genéticas podem favorecer o surgimento do diabetes tipo2, mas com certeza um dos principais responsáveis pelo surgimento da doença é o estilo de vida que o indivíduo leva. Nos Estados Unidos cerca de 80% dos pacientes com diabetes tipo2 eram obesos na época do diagnóstico. Portanto a obesidade é um dos principais fatores que desencadeiam o surgimento do diabetes tipo 2. Acredita-se que o risco de desenvolver diabetes tipo 2 aumenta em proporção direta com o aumento da relação cintura-quadril (quando a circunferência abdominal se aproxima ou excede a circunferência do quadril). Indivíduos obesos apresentam uma menor capacidade em responder à ação da insulina, uma vez que apresentam um número reduzido de receptores (RYAN, 2000).

A atividade física constitui sem sombra de dúvidas um dos principais meios preventivos para impedir o surgimento do diabetes tipo 2, pois contribui significativamente para a manutenção de um peso ideal. Além deste papel preventivo, diversos estudos têm sugerido o papel da pratica regular de atividade física no tratamento do diabético, estas pesquisas têm demonstrado que o exercício mantém controlado os níveis de glicemia além de melhorar de forma significativa a sensibilidade à insulina (ALBRIGHT et al,2000; BORGHOUTS & KEIZER, 2000; ERIKSSON et al,1998; MAIORANA et al, 2002).

O tratamento para qualquer tipo de diabetes tem a finalidade de manter um equilíbrio entre a glicose e a insulina. A alimentação pode aumentar a glicemia, enquanto a insulina e o exercício fazem com que ela diminua, portanto é necessário manipular esses três fatores para manter os níveis de glicose próximos aos níveis aceitáveis. No diabetes tipo 1(insulino-dependente) é imprescindível a utilização de medicamento (insulina), mas no diabetes tipo 2 (não insulino-dependente) com uma dieta adequada, a prática regular de exercícios e a obtenção de um peso ideal, somente um em cada dez pacientes necessita de qualquer tipo de medicamento. Em outraspalavras em 90% dos casos o diabetes é evitável e tratável por meio de uma melhoria no estilo de vida.

Na parte 2 desse assunto, será explicado como a atividade física regula a glicemia e aumenta a sensibilidade à insulina, além de fazer uma comparação entre os exercícios aeróbios e exercícios resistidos (musculação) para o tratamento do diabético.

Referências


ALBRIGHT A; FRANZ M; HORNSBY G; KRISKA A; MARRERO D; ULLRICH I; VERITY LS. American College of Sports Medicine position stand. Exercise and type 2 diabetes. Med Sci Sports Exerc; 32(7):1345-60, 2000 Ju.
BORGHOUTS LB; KEIZER HÁ. Exercise and insulin sensitivity: a review Int J Sports Med; 21(1):1-12, 2000 Jan. 
ERIKSSON J, TAIMELA S, ERIKSSON K, PARVIAINEN S, PELTONEN J, KUJALA U. Resistance training in the treatment of non-insulin-dependent diabetes mellitus. : Int J Sports Med 1997 May;18(4):242-6 
MAIORANA A; O'DRISCOLL G; GOODMAN C; TAYLOR R; GREEN D. Combined aerobic and resistance exercise improves glycemic control and fitness in type 2 diabetes. Diabetes Res Clin Pract; 56(2):115-23, 2002 May. 
RYAN AS. Insulin resistance with aging: effects of diet and exercise Sports Med; 30(5):327-46, 2000 
Nov.
Escrito por:Bruno Fischer

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Prescrição de atividade física para diabéticos e hipertensos requer atenção especial


Intensidade do treino e duração dos estímulos requerem cautela por parte do personal trainer para o público de diabetes e hipertensos.
Fazer atividade física é uma ótima opção para quem precisa mudar de hábitos por causa da saúde. Pacientes com patologias como diabetes e hipertensão são indicados a fazer exercícios para controlar os problemas, mas encontrar o profissional de Educação Física apto a prescrever o treinamento ideal a esses pacientes pode não ser tão fácil quanto se espera.
22,7% dos brasileiros têm hipertensão
Dados do Ministério da Saúde divulgados em abril de 2012 indicam que a hipertensão arterial atinge 22,7% da população adulta brasileira, sendo que o diagnóstico em mulheres (25,4%) é mais comum do que entre homens (19,5%). No caso dos diabéticos, informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010 dizem há mais de 12 milhões de portadores da doença metabólica no país. 
Marcelo Santa’anna, professor da Smart Fit, explica que a hipertensão deve ser tratada com uso de medicamento contínuo – segundo prescrição médica – e complementar com a atividade física regular. “Os exercícios devem ser realizados de forma ordenada a manter um intervalo entre séries e exercícios um pouco maior do que o convencional e não realizar sistemas de treinamento que trabalhem muito tempo a 100% da capacidade de cada indivíduo, uma vez que pode gerar risco de elevação acentuada da pressão arterial durante o exercício”, diz.

Como tratar a hipertensão
O professor Gilberto Monteiro, especialista em fisiologia do exercício, mestre em ciências interdisciplinares na saúde e professor de Educação Física da Unisanta, conta que antigamente preconizava-se que os exercícios de força eram contraindicados aos hipertensos, mas atualmente sabe-se que não é a modalidade, mas sim a intensidade da mesma que requer atenção. “Quando você trabalha com intensidades menores, o exercício é indicado e, acoplado a ele, devem ser feitos exercícios aeróbios, os quais envolvem caminhada, ciclismo, natação e hidroginástica”, explica, destacando que em uma divisão de programa, eles devem ter preferência, como por exemplo, três vezes por semana aeróbio e duas de força.
Os ganhos vindos pelos exercícios, segundo o personal trainer Nilo França, especializado em reabilitação cardíaca e treinamento para grupos especiais, da Cia. Athlética, são inúmeros, como redução da pressão arterial, melhoras da condição cardíaca e da vascularização, redução e controle da glicemia, aumento da sensibilidade à insulina, emagrecimento etc. “Vale ressaltar que o fortalecimento muscular também auxilia nessas variáveis, além de prevenir lesões, aumentar a massa muscular e, por consequência, aumentar o gasto energético.”
O treinador deve medir a pressão arterial do aluno no início dos treinamentos. Segundo Monteiro, se estiver com 180 mmhg de sistólica, é preciso suspender a sessão. “É importante verificar as medidas de pressão pós-esforço, pois o exercício tende a realizar um efeito hipotensor.”
Santa’anna conta que a alimentação antes da atividade física é bastante importante para ambos os pacientes, além de evitar treinar em locais muito quentes e/ou pouco ventilados.
Atividade física para diabéticos é essencial
No caso dos diabéticos, as atividades aeróbias também devem ter uma carga maior e a prática deve ser realizada todos os dias da semana. É preciso controlar também a glicemia do atleta antes, durante (a cada 40 minutos) e ao final da prática esportiva. Monteiro indica que o profissional de Educação Física deva ainda organizar as cargas de trabalho (intensidade), de acordo com o ajuste glicêmico, ou seja, “se baixar muito, reduz a intensidade ou o tempo do treinamento”.

Cardiopatas e diabéticos podem ser atletas
Um cardiopata e um diabético podem vir a treinar no âmbito competitivo, desde que estejam devidamente preparados e orientados para tal objetivo. Gilberto Monteiro conta que há casos em que o treinamento voltado para a saúde deve ser a prioridade, já que no rendimento, são inevitáveis cargas maiores e se o paciente já era atleta, ele deve e pode continuar com a supervisão criteriosa. França não vê problemas no treinamento para âmbito competitivo, mas reforça a necessidade de um acompanhamento multidisciplinar minucioso, com profissional de Educação Física, médico, psicólogo, nutricionista e fisiologista para evitar riscos e mesmo para realizar um acompanhamento constante que ajude o indivíduo a conseguir controlar sua patologia.
“Os diabéticos devem evitar os esportes de contato, à medida que podem potencializar inflamações e a doença traz dificuldades no processo de cicatrização”, diz o professor da Unisanta.
“As duas patologias são extremamente perigosas e letais para a saúde caso sejam deixadas em segundo plano e ambas têm particularidades e dificuldades, mas a equipe multidisciplinar trabalhando de forma integrada, com troca de informações e conhecimento leva a um ganho imenso ao paciente”, conta França.
Anamnese é essencial antes de começar a praticar atividade física
Antes de começar a treinar um paciente com diabetes ou hipertensão, o profissional de Educação Física precisa checar seu atestado médico, comprovando que está apto à pratica de exercícios, e fazer uma anamnese completa, verificando a condição cardiorrespiratória, IMC, porcentual de gordura, qualidade de vida etc, sempre com reavaliações frequentes (semestrais).
Também é fundamental saber em quais momentos o aluno não deve treinar: “para hipertensão, quando a sistólica estiver na casa dos 180 mmhg e, no caso do diabetes, quando a glicemia estiver em 300 mg/dl ou abaixo de 120 mg/dl”, ensina Monteiro.
Os diabéticos, segundo França, devem aferir a glicemia antes do exercício e aumentar a ingestão de carboidratos pré e pós-treinamento, se necessário. “Diabéticos crônicos, com complicações como retinopatia, nefropatia ou neuropatia têm outros pontos essenciais a serem observados antes e após os treinos”, destaca o personal da Cia. Athlética, que indica, abaixo, a tabela de controle da glicemia a ser conferida pelos profissionais de Educação Física:
Até 80 mg/dl – não realizar exercício
80-100 mg/dl – ingerir carboidratos e verificar novamente a glicemia
100-250 mg/dl – realizar exercício normalmente
Acima de 250 mg/dl – não realizar exercício.