quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Suplementação à base de ácido fosfatídico: um novo e promissor recurso ergogênico?

A cada instante novos produtos chegam às prateleiras das badaladas lojas de suplementos alimentares. Os suplementos mais visados pelos praticantes de exercício físico são aqueles que supostamente favorecem o ganho de massa muscular como os que contêm na sua fórmula creatina, eucina ou arginina, por exemplo. Vale ressaltar que nenhum suplemento isoladamente oferece uma resposta anabólica (hipertrofia) imediata para o músculo esquelético, pois são necessários estímulos mecânicos como o treinamento de força para potencialização de seus efeitos. O avanço da bioquímica e biologia molecular possibilitou determinar as vias ativadoras da síntese 

protéica miofibrilar (processo bioquímico e metabólico que induz hipertrofia), sendo uma destas o alvo mamífero de rapamicina (mTOR) (proteína com função enzimática que fosforila outras proteínas)1. Acreditava-se no passado que a única molécula capaz de ativar esta proteína seria o conhecido fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1) (peptídeo semelhante à insulina e com função anabólica) pela sua cascata PI3-K/Akt/mTOR2. No entanto, em 2001 um artigo na prestigiosa revista Science comunicou ao mundo um novo mecanismo de ativação do mTOR por meio do fosfolipídio ácido fosfatídico (PA)3. Posteriormente em 2006 foi descrito o papel central do PA na ativação do mTOR no músculo esquelético4. A partir destes fascinantes achados, um recente estudo propôs investigar os efeitos do PA nos fenótipos musculares de seres humanos. Neste elegante estudo5 piloto foi demonstrado que a ingestão oral de PA em forma de cápsulas resultou em aumentos da força e hipertrofia de jovens submetidos a um programa de treinamento de força. A dose de administração foi de 150 mg de PA e 750 mg de placebo 5 x por semana misturados com um mix de proteínas em bebida esportiva e ingerida cerca de 30 minutos pós exercício. O treino consistiu em exercícios a 70% de 1 RM de 10 a 12 repetições durante 8 semanas, e com descanso de 90 segundos. A composição corporal foi mensurada por DEXA, que permite fornecer informações da % de gordura, massa magra. Além disso, foi testada a força máxima pelo teste de 1RM máximo. A massa muscular foi avaliada por ultrassom de diagnóstico. Os resultados mostraram efeitos positivos sobre a força muscular e a massa muscular, superiores ao do grupo placebo. Até o presente momento somente este estudo testou o PA em humanos, e, portanto, são necessários mais estudos avaliando diferentes populações, maior amostra de indivíduos, os possíveis efeitos adversos, a biodisponibilidade do PA quando suplementado e a concentração muscular de PA após a ingestão. Portanto, até o presente momento não existe nenhuma diretriz quanto à dosagem e recomendação de PA, e muito menos de seus efeitos ergogênicos definitivos. Mesmo ainda que não seja uma realidade, esta molécula poderá em alguns anos fazer parte do gigantesco arsenal de suplementos existentes no mercado. Assim, aguardem mais novidades sobre esta poderosa molécula anabólica! Referências Bibliográficas Kubica N, Bolster DR, Farrell PA, Kimball SR, Jefferson LS. Resistance exercise increases muscle protein synthesis and translation of eukaryotic initiation factor 2Bepsilon mRNA in a mammalian target of rapamycin dependent manner. J Biol Chem 2005, 280: 7570-7580. Rommel C, Bodine SC, Clarke BA, Rossman R, Nunez L, Stitt TN, Yancopoulod GD, Glass DJ. Mediation of IGF-1- induced skeletal myotube hypertrophy by PI(3)K/Akt/mTOR and PI(3)K/Akt/GSK3 pathways. Nat Cell Biol 2001; 3: 1009-1013. Fang Y, Vilella-Bach M, Bachmann R, Flanigan A, Chen J. Phosphatidic acid –mediated mitogenic activation of mTOR signaling. Science 2001; 294:1942-1945. Hornberger TA, Chu WK, Mak YW, Hsiung JW, Huang SA, Chien S. The role of phospholipase D and phosphatidic acid in the mechanical activation of mTOR signaling in skeletal muscleProc Natl Acad Sci USA 2006;103:4741-4746. Hoffman JR, Stout JR, Williams DR, Wells AJ, Fragala MS, Mangine GT, Gonzalez AM, Emerson NS, McCormack WP, Scanlon TC, Purpura M, Jager R. Efficacy of phosphatidic acid ingestion on lean body massmuscle thikness and strength gains in resistance trained men. J Int Soc Sports Nutr 2012;9:47. Por André Katayama Yamada Graduado com Bacharelado em Educação Física pela UNIMEP Ex-Pesquisador de Iniciação Científica em Imunologia do Esporte Mestre em Ciências da Motricidade (Biodinâmica da Motricidade Humana) pela UNESP em Rio Claro na linha de Metabolismo Autor de importantes revistas indexadas internacionais e nacionais Pesquisador na área da Fisiologia 

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