Os efeitos do treinamento com pesos na aptidão cardiorrespiratória de mulheres não estão amplamente
definidos. O estudo teve como objetivo investigar os efeitos do treinamento de resistência de
força com alto número de repetições no consumo máximo de oxigênio e limiar ventilatório em mulheres
jovens. Participaram deste estudo 20 mulheres, com idade de 21,2 + 2,7 anos, agrupadas em: I – grupo
de treinamento de resistência de força com alto número de repetições (GT, n = 10) e II – controle (GC,
n = 10). Todas as voluntárias foram submetidas ao seguinte protocolo: antropometria, teste cardiopulmonar
em esteira rolante e testes de 1RM nos exercícios: leg-press 45º, cadeira extensora, mesa flexora,
supino reto, puxador costas, desenvolvimento com a barra, rosca direta e tríceps com a barra. Os testes
foram realizados antes e após 12 semanas. No período proposto, os grupos realizaram: I – GT: exercícios
resistidos, os mesmos dos testes de 1RM, com três séries de 25 repetições, com aproximadamente 30%
de 1RM; II – GC: não realizou nenhum treinamento físico. Após 12 semanas, o GC não apresentou altera-
ções nas variáveis estudadas (p > 0,05). O GT apresentou aumento significante da massa magra (p < 0,05)
e diminuição do percentual de gordura (p < 0,01) e da gordura corporal (p < 0,01). Houve aumento dos
testes de 1RM em todos os exercícios (p < 0,01) e aumento do consumo máximo de oxigênio (p < 0,05),
mas não houve alteração no limiar ventilatório (p > 0,05). Conclui-se que o treinamento de resistência
de força com alto número de repetições proporcionou melhora da potência aeróbia das voluntárias,
evidenciado pelo aumento do consumo máximo de oxigênio, embora não tenha modificado o limiar
ventilatório.
O consumo máximo de oxigênio e o limiar anaeróbio são considerados
importantes indicadores da capacidade cardiorrespiratória.
Neste estudo, o VO2max aumentou em resposta ao treinamento de
força no GE, sugerindo que este protocolo de treinamento de resistência
de força é benéfico à potência aeróbia máxima. Entretanto,
o limiar anaeróbio, determinado pelo método ventilatório e que
é um importante indicador da capacidade aeróbia submáxima, se
manteve inalterado depois de 12 semanas de treinamento de força
no GE.
O aumento do VO2max pode ser explicado devido ao protocolo de
treinamento realizado, com alto número de repetições e curto intervalo
entre as séries, sendo descrito como um treinamento de resistência de
força com ênfase no metabolismo aeróbio, podendo acarretar altera-
ções que proporcionam maior capacidade de captação de oxigênio
pelos músculos
Acreditamos que outros estudos são necessários para investigar os
efeitos do treinamento de força na capacidade cardiorrespiratória de
mulheres, usando diferentes protocolos de treinamento de força.
No grupo experimental foram observadas diferenças significantes
na composição corporal. A análise das variáveis antropométricas
mostrou aumento significante na massa magra, além de diminuição
significativa no percentual de gordura e gordura corporal no GE. A
composição corporal por dobras cutâneas é determinada por um mé-
todo duplamente indireto, de modo que os valores de percentual de
gordura, gordura corporal e massa magra são estimados. Sendo assim,
o aumento na massa magra encontrado sugere hipertrofia muscular,
adaptação induzida pelo treinamento, sendo esta hipótese reforçada
pelo resultado do percentual de gordura, que mostrou importante
redução, mesmo sem mudança significante na gordura corporal. Entretanto,
não se pode afirmar que houve hipertrofia de fato, já que
os valores da composição corporal são estimados. As mudanças encontradas
na composição corporal neste estudo corroboram outros
estudos que também relataram mudanças na composição corporal,
pela avaliação das dobras cutâneas, em resposta ao treinamento de
resistência de força em mulheres(27-29).
A força muscular do GE aumentou, comprovada pelos testes de
1RM que apresentaram diferenças significativas em todos os exercícios
na comparação com o GC. Esses resultados sugerem que o
protocolo de treinamento com exercícios resistidos foi efetivo no aumento
da força muscular. A melhora da força muscular em mulheres
em resposta ao treinamento de força era esperada; os aumentos
encontrados neste trabalho são similares aos de outros estudos com
mulheres.
estudos publicados:Thiago Mattos Frota de Souza1
Marcelo de Castro Cesar1
João Paulo Borin1
Pamela Roberta Gomes Gonelli1
Ricardo Adamoli Simões1
Maria Imaculada de Lima
Montebelo2
1. Núcleo de Performance Humana
– Curso de Educação Física
– Faculdade de Ciências da Saúde
– Universidade Metodista de
Piracicaba (Unimep) – São Paulo
– Brasil.
2. Faculdade de Ciências Exatas e da
Natureza – Universidade Metodista
de Piracicaba (Unimep) – São Paulo
– Brasil.
Endereço para correspondência:
Thiago Mattos Frota de Souza, Rua
Padre José Conceição Meirelles,
30 – 13418-390 – Piracicaba – São
Paulo, Brasil. Tel.: (19) 3425-1641.
Celular: (19) 9669-1049.
E-mail: thiago_mfs@hotmail.com
Submetido em 19/10/2007
Versão final recebida em 05/05/2008
Aceito em 05/07/2008
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