terça-feira, 30 de setembro de 2014

Outra reflexão para gerar discussão. Desta vez sobre o Crossfit.


Muitas pessoas acabam tendo excelentes resultados praticando Crossfit. E isso, de fato, já foi mostrado na literatura. Smith et al, por exemplo, concluíram que 10 semanas da prática desta atividade são suficientes para promover melhoras na aptidão aeróbia e na composição corporal.
Mas porque é eficiente?
Simplesmente porque foram reunidos em uma só modalidade os melhores exercícios que existem para desenvolvimento das capacidades físicas!
São eles, resumidamente, os exercícios de levantamento básico, de levantamento olímpico, de ginástica artística e outros exercícios integrados. Além disso, utiliza métodos bastante eficientes como treinamento intervalado de alta intensidade e circuito.
O problema é quando esses exercícios são agrupados de forma totalmente aleatória e sem nenhuma coerência (nesse caso qualquer atividade, inclusive o Crossfit, se torna um lixo). Mas em alguns "boxes" (lugares onde se pratica a modalidade) esses mesmos exercícios são agrupados dentro de uma periodização bem elaborada e consistente (nesse caso a atividade é bastante interessante).
Outra discussão recorrente sobre o Crossfit é a incidência de lesões. O próprio estudo Smith et al, levantou uma preocupação pelos 16% da amostra que não conseguiu concluir o treinamento por ter se machucado. Outro estudo conhecido (Hak et al, 2013), mostrou uma alta prevalência de lesões nessa modalidade (73,5% da amostra). Por outro lado, um estudo feito com militares (Grier et al, 2013) mostrou que um programa de condicionamento físico (que também incluía o Crossfit) não foi perigoso.
A verdade é que é uma modalidade ainda muito nova e pouco estudada, por isso é precipitado e até tendencioso dizer se causa lesões ou não.
Minha opinião é que tudo dependerá do treinador. Sabe por que?
Porque existem “profissionais reprodutores”, os “não pensantes” (mesmo no Brasil onde, diferente dos EUA, o Crossfit só pode ser ministrado por profissionais de educação física). Estes “profissionais reprodutores” são adeptos da abordagem “faça até morrer”, que abre mão dos princípios do treinamento, que esquece os sistemas energéticos trabalhados (e o consequente intervalo de recuperação necessário), não se preocupa com a perda da qualidade do movimento decorrente da fadiga, e não pensa no efeito de uma sessão de treinamento num contexto maior (novamente a periodização). ISSO SIM PODE GERAR LESÕES!!!
E a nossa esperança são os profissionais que não reproduzem cegamente os treinos do dia (WOD’s), pois eles se preocupam em entregar ao cliente uma experiência não apenas eficiente e motivadora, mas também segura.
Smith MM, Sommer AJ, Starkoff BE, Devor ST. Crossfit-based high-intensity power training improves maximal aerobic fitness and body composition. J Strength Cond Res. 2013 Nov;27(11):3159-72.
Hak PT, Hodzovic E, Hickey B. The nature and prevalence of injury during CrossFit training. J Strength Cond Res. 2013 Nov 22. [Epub ahead of print]
Grier T, Canham-Chervak M, McNulty V, Jones BH. Extreme conditioning programs and injury risk in a US Army Brigade Combat Team. US Army Med Dep J. 2013 Oct-Dec:36-47.

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