A adoção de um programa de treinamento fullbody, no qual todos os principais grupos musculares são trabalhados em cada sessão, tem ganhado destaque frente aos tradicionais programas divididos (split routines). A seguir, apresentamos, com base em publicações recentes de alto impacto acadêmico, os principais benefícios do fullbody comparados aos treinos convencionais de musculação.
1. Hipertrofia Muscular Equivalente ao Split
Uma meta-análise recente que incluiu 14 estudos e 392 participantes concluiu que, quando o volume semanal de treino é equacionado, não há diferença significativa na hipertrofia entre programas fullbody e split. Os aumentos na área de secção transversal de extensores de cotovelo, flexores de cotovelo, vasto lateral e massa magra foram praticamente idênticos em ambos os protocolos (MD variou de –0,08 a 0,30; p>0,80) journals.lww.compubmed.ncbi.nlm.nih.gov.
2. Ganhos de Força Semelhantes
No mesmo meta-estudo de Ramos-Campo et al. (2024), verificou-se que os ganhos de força no supino e em exercícios de membros inferiores foram estatisticamente iguais entre fullbody e split (bench press: MD = 1,19; p = 0,34; lower limbs: MD = 2,47; p = 0,29) journals.lww.compubmed.ncbi.nlm.nih.gov. Isso confirma que, desde que o volume total seja igual, a forma de divisão não é determinante para a força adquirida.
3. Melhorias na Composição Corporal e Perda de Gordura
Um ensaio clínico randomizado com 23 homens bem treinados demonstrou que o protocolo fullbody promoveu maior redução de gordura corporal total e regional (whole-body fat mass: –0,775 kg vs. +0,317 kg; p = 0,040), comparado ao split, mesmo com volume de séries equivalentes (75 séries/semana) pubmed.ncbi.nlm.nih.gov. Isso sugere que sessões que envolvem múltiplos músculos em cada dia elevam o gasto energético e potencializam a lipólise.
4. Recuperação e Prevenção de Fadiga Excessiva
Estudos apontam que distribuir o mesmo volume de treino por 2–3 sessões fullbody semanais reduz o estresse local — cada músculo recebe menos séries por sessão, mas igual estímulo semanal — o que contribui para melhor equilíbrio entre síntese proteica e recuperação bmcsportsscimedrehabil.biomedcentral.com. A variedade frequente de exercícios também favorece a saúde articular e diminui o risco de lesões de uso repetitivo.
5. Eficiência de Tempo e Aderência ao Programa
Para praticantes com agendas apertadas, o fullbody permite concentrar todos os grupos musculares em menos dias de treino, reduzindo o impacto de eventuais faltas e garantindo maior consistência a longo prazo. Essa flexibilidade tende a aumentar a motivação e a adesão — fatores-chave para resultados duradouros.
Recomendações Práticas
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Volume Semanal: 12–20 séries por grupo muscular, distribuídas em 2–3 sessões fullbody.
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Intensidade: Cargas que provoquem falha técnica entre 6–15 repetições, com progressão gradual.
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Periodização: Ciclos de 4–8 semanas alternando ênfase em força, hipertrofia e resistência muscular.
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Descanso: 48–72 horas de recuper ação antes de repetir a mesma sessão fullbody.
Referências
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Ramos-Campo, D. J., Benito-Peinado, P. J., Caravaca, L. A., Rojo-Tirado, M. A., & Rubio-Arias, J. Á. (2024). Efficacy of split versus full-body resistance training on strength and muscle growth: a systematic review with meta-analysis. Journal of Strength and Conditioning Research, 38(7), 1330–1340.
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Ramos-Campo, D. J., et al. (2024). Efficacy of split versus full-body resistance training on strength and muscle growth: a systematic review with meta-analysis. PubMed ID: 38595233.
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Ribeiro, A. S., et al. (2024). Full-body resistance training promotes greater fat mass loss than a split-body routine in well-trained males: A randomized trial. European Journal of Sport Science. PubMed ID: 38874955.
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Colado, J. C., et al. (2022). A randomized trial on the efficacy of split-body versus full-body resistance training in non-resistance trained women. BMC Sports Science, Medicine and Rehabilitation, 14, 87.