sábado, 16 de novembro de 2013

Coma menos carboidrato e... viva menos!?


Moda é fogo! Assim que algo começa a ser descoberto, a notícia se espalha sem que haja uma análise adequada das suas aplicações e implicações. As dietas pobres em carboidratos são usadas há quase um século com finalidades terapêuticas, mas agora virou moda, especialmente com o objetivo de melhorar o visual. Sim, elas emagrecem, mas nem por isso devem ser usadas de qualquer jeito, por qualquer um e a qualquer momento.

Um artigo publicado por pesquisadores japoneses revisou os estudos que acompanharam pessoas que fazem dietas pobres em carboidratos com o objetivo de elucidar seus efeitos de longo prazo e os resultados apontaram que as pessoas que realizam esse tipo de dieta têm uma maior taxa de mortalidade por causas gerais (Noto et al., 2013). No ano passado, pesquisadores suecos já haviam encontrado risco aumentado de doenças cardiovasculares em pessoas que fazem dietas com pouco carboidrato e muita proteína (Lagiou et al., 2012). Ou seja, em longo prazo, o resultado pode não ser tão bom...

A dieta com poucos carboidratos certamente tem suas aplicações, mas o problema é que normalmente essas dietas são feitas sem o acompanhamento de um nutricionista, que é quem poderá fazer os ajustes na seleção dos alimentos e estabelecer a duração da intervenção. Enfim, a restrição de carboidratos é algo para ser bem planejado e adequadamente controlado e não para ser copiado da internet ou feito com base na opinião de leigos. Lembre-se que ser celebridade, marombeiro, "atleta", etc. não tem nada a ver com ter conhecimento. 

Cuidado com a moda, pois, às vezes, a moda mata!

(Paulo Gentil)

Noto H, Goto A, Tsujimoto T, Noda M. Low-carbohydrate diets and all-cause mortality: a systematic review and meta-analysis of observational studies. PLoS One. 2013;8(1):e55030. 
Lagiou P, Sandin S, Lof M, Trichopoulos D, Adami HO, Weiderpass E. Low carbohydrate-high protein diet and incidence of cardiovascular diseases in Swedish women: prospective cohort study. BMJ. 2012 Jun 26;344:e4026.

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